quarta-feira, 5 de maio de 2010

O Antes.



Tenho saudade da infância, onde a casa da minha vó era meu mundo encantado. Quando ainda se tinha medo dos professores, e que respeitar os mais velhos era o primordial de uma boa educação.
Sinto falta de pular corda com os vizinhos, de apostar corrida de bicicleta, e de quando mãe e pai eram super-heróis e não vilões.
Antes quase ninguém usava celular ou e-mail pra se comunicar, e muito menos se ver por vídeo conferencia, porque quando a saudade batia, um ia à casa do outro fazer sessão cinema com pipoca de panela e tubaína de garrafa.
Achava fantásticos os discos de vinil do meu vô, como uma ‘agulha’ podia reproduzir som? Isso sim era tecnologia.
Sinto falta dos vizinhos felizes, das balas de um centavo, e de como o pão era barato, de poder ficar sem camiseta sem nenhum problema e do banquinho pra alcançar o espelho na hora de escovar os dentes.
Quando eu tinha 7 anos, não via a hora de fazer 8, porque é meu número predileto desde sempre, quando eu tinha 9, eu queria fazer 10, porque era o primeiro número de dois algarismos. Acabei odiando os 13, número feio e dá azar. Quando fiz 14 queria logo os 15 pra ter a festa dos quinze; dos 15 eu queria os 16. Áaaah os 16! Minha idade favorita por ser número par e por poder assistir a maioria dos filmes no cinema. Agora tenho quase 18, e não sei se quero que chegue logo, porque percebi que crescer é ruim.
Você não é mais tão paparicada, e sim cobrada, você não pode mais não estar nem ai pra vida e brincar de casinha o dia inteiro, porque você tem que ser uma pessoa responsável pra se tornar um adulto responsável.
Mais você pode enxergar a vida, o mundo e as pessoas com outros olhos, e pode ter certeza que isso não é uma coisa boa, você percebe que acabou toda a mágica e inocência.
E não foi só você que cresceu, todos cresceram junto com você. E ai que está a pior parte, porque mesmo que você volte a ser criança em alguns momentos, algumas pessoas não podem mais voltar a infância, porque a sua maturidade excessiva não permite.
E as pessoas mudam tanto com o passar dos anos, encontram novas pessoas, e você deixa de ser o amigo (a) que ela fazia questão todos os dias pra brincar no quintal, de bater figurinhas, de pular a corda de todos os dias, de subir na velha árvore que nem sei se podia aguentar com todos nós.
Essas pessoas te decepcionam tanto com o novo jeito que encontraram, uma pena que elas não saibam que você as preferia antes.
Agora eu me esqueço dos 16, que era o meu número favorito até agora, e volto a pensar nos meus 0 de idade até o dia que a minha infância chegou ao fim, e percebo que não quero mais crescer.
Agora eu me encontro aqui, sozinha, sem você pra brincar da nossa brincadeira favorita.

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